O livro As Mãos e o Espírito foi impresso em 1958. Vivíamos sob a opressão interna e o céu de chumbo do chamado equilíbrio nuclear. Em 1957 Óscar Lopes integrara como partidário da paz os cinquenta e dois réus do chamado processo MUD Juvenil, julgado pelo Tribunal Plenário do Porto. O julgamento arrastou-se durante meio ano, por vezes com três sessões diárias, de manhã, à tarde e à noite. No entanto, no texto que ireis ler, não há amargura ou desalento, mas a serenidade de uma consciência aberta para a entrega ao mundo. Para os noventa anos do Óscar Lopes - 2 de Outubro - deveria ouvir-se música, ainda que ele não a ouça, uma cantata de Bach ou de Prokofiev, uma sonata ou um quarteto de Beethoven, um lied, um trio de Schubert ou simplesmente uma qualquer peça de Mozart. Fico-me por uma braçada de palavras que não se atrevem a descrever a grandeza desta figura singular.
António Borges Coelho
Óscar Lopes, As mãos e o espírito
Para mim Mahler é o seu leitmotiv
...de mãos vazias ...
VIII
Na idade em que a maioria dos homens vai para cima
das árvores
levando somente a carga instantânea
há aqui palavras que se engolem como espadas
motores planejados para sofrer os maiores abusos sem
queixas
poéticas viagens com Júpiter
um homem que nunca falhou
embora não seja orador
Mário Cesariny, Pena Capital
António Borges Coelho
Óscar Lopes, As mãos e o espírito
Para mim Mahler é o seu leitmotiv
...de mãos vazias ...
VIII
Na idade em que a maioria dos homens vai para cima
das árvores
levando somente a carga instantânea
há aqui palavras que se engolem como espadas
motores planejados para sofrer os maiores abusos sem
queixas
poéticas viagens com Júpiter
um homem que nunca falhou
embora não seja orador
Mário Cesariny, Pena Capital
Sem comentários:
Enviar um comentário