Uma nova Igreja foi inaugurada ontem em Fátima baptizada "Santíssima Trindade".Se da hierarquia eclesiástica não estive presente a figura do Pai enviando, em seu lugar, um filho imbuído de um espírito "santo", já o poder temporal teve o pai "in loco", o filho anfitrião em Belém e o espírito mediático a reportar e difundir todo o evento.
Se as ligações divino / temporal me incomodam, assistir a reportagens acerca da coerência ou coincidência da mensagem Mariana com a revolução russa, deixa-me num arrebol!Tivesse o "segredo" sido desvendado "a priori" e o curso dos acontecimentos históricos,na já então União Soviética, teria sido diverso? A ideologia marxista-leninista ter-se-ia mostrado tolerante para com princípios, cultos e ícones religiosos? Teria havido lugar a um estado plural e democrático? Os Mencheviques continuariam no poder e o ideário da revolução de Fevereiro triunfaria aproximando o Oriente do Ocidente em termos ideológicos e políticos? E Por que optaria a Madonna por uma condenação tão veemente a um dos blocos ideológicos? E ..por que não usar Ela do seu poder e libertar os seus filhos oprimidos? Porquê este delegar de competências? Porquê o Seu silêncio ou ausência de protagonismo / evidência actuais? Insondáveis os desígnios metafísicos!
"Só falta falar agora dos principados eclesiásticos(..); obtêm-se por virtù ou por sorte e conservam-se sem uma coisa nem outra, porque se mantêm graças à grande antiguidade das instituições religiosas, que são tão fortes e de tal natureza que os seus príncipes conservam os seus lugares, seja qual for o modo como se comportam e vivam. Têm territórios e não os defendem, têm súbditos e não os governam.E, embora os seus estados não sejam defendidos, ninguém se apodera deles;e, embora os seus súbditos não sejam governados, não se importam com isso: não pensam nem podem subtrair-se ao seu próprio governo. Portanto, só estes principados são seguros e felizes. (..)
Contudo, se alguém me perguntasse, com insistência, como se explica que a Igreja se tenha tornado tão grande e tão poderosa no campo temporal (..) e embora a explicação me pareça evidente, não me escusaria a responder.
Antes do rei Carlos entrar em Itália, o país estava sob o domínio do papa, dos Venezianos, do rei de Nápoles, do duque de Milão e dos Florentinos. Estes potentados deviam evitar, principalmente, duas coisas: que algum estrangeiro entrasse em Itália para aí fazer guerra e que algum deles ocupasse mais território do que tinha. Aqueles que causavam mais apreensão eram o papa e os Venezianos. Para sofrear o papa, serviam-se dos barões de Roma - Orsínis e Colonas - empunhando as armas na sua presença e tornando o papado mais fraco e menos poderoso.(...)
Depois surgiu Alexandre VI o qual mostrou bem quanto um papa se podia fazer valer pelo dinheiro ou pela força, através do duque de Valentinois e por ocasião da vinda dos Franceses a Itália.(...)Embora a sua intenção não fosse o benefício da Igreja mas sim o do seu filho, o que fez redundou a favor daquela instituição, pois por morte do papa e do seu filho foi a Igreja que herdou o resultado das suas penas e trabalhos. Júlio II que se sucedeu, achou já a Igreja muito poderosa, senhora de toda a Romanha, com os barões de Roma todos arruinados e as facções abolidas em consequência das muitas perseguições de Alexandre. Encontrou também o caminho aberto para amealhar dinheiro, o que nunca fora praticado antes de Alexandre. O papa Júlio não só continuou tudo isso como lhe deu maior amplitude, metendo-se-lhe na cabeça apoderar-se de Bolonha, expulsar os Franceses de Itália. Todas estas aventuras foram coroadas de êxito e são tanto de louvar quanto é certo que as empreendeu para engrandecer a Igreja e não qualquer particular. (..)
Mas agora Sua Santidade o Papa Leão encontrou um papado muito poderoso e só é de esperar que, se os outros o engrandeceram pelas armas, ele o torne muito maior e digno de veneração pela sua bondade e outras virtudes infinitas".
in O Príncipe, De Principatibus eclesiasticis (Dos Principados Eclesiásticos), por Maquiavel
Sem comentários:
Enviar um comentário